Reciclagem pode combater emissão de gases, mostra estudo
- Fabio Sanches

- 7 de nov.
- 2 min de leitura

Você sabia que o estado do Rio de Janeiro aterra 2,5 milhões de toneladas de resíduos com potencial de reciclagem? São metais, vidros, plásticos cujo valor somado chega a R$ 2,6 bilhões, que estão à sete palmos do chão.Caso fossem reintroduzidos como insumos de produção às industrias, iriam gerar o investimento adicional de R$ 6 bilhões na economia e mais de 40 mil empregos diretos e indiretos.
Os dados aparecem em estudo que acaba de ser publicado pela Firjan, a Federação das Industrias do Rio de Janeiro, e que também identificou os impactos ambientais da não reciclagem de papel e papelão no estado.
Entre esses impactos está a emissão de gases do efeito estufa, processo em que dióxido de carbono - CO2, metano e óxido nitroso retêm calor na atmosfera, elevando cada vez mais a temperatura do planeta. E, com isso, ocasionando mudanças climáticas drásticas à saúde humana e ao meio ambiente.
Especialista em sustentabilidade da Firjan, Renata Rocha explica como a reciclagem reduz a emissão dos gases do efeito estufa...
"Primeiro, pelo gasto evitado de energia, quando você troca esse insumo virgem por material reciclado no processo de fabricação de novos produtos, mas também com emissões que deixam de acontecer pelo fato, por exemplo, do papel e papelão, que são uma parte da porção orgânica dos resíduos, que eles não são enviados para aterro, onde eles gerariam essas emissões no seu processo de degradação natural".
Neste processo de degradação, bactérias se alimentam dos materiais e liberam gases ao meio ambiente. No caso dos aterros sanitários, em que os resíduos estão soterrados, não há oxigênio, consequentemente transformando a forma de liberação, como explica Renata Rocha.
"E aí, com isso, elas eliminam outro gás, que é chamado metano. E esse é um gás que ele é um pouco mais problemático porque ele tem um potencial aí de alteração no clima 28 vezes mais forte que o CO2. E, assim, os aterros sanitários têm tecnologias justamente para capturar esse metano e queimar, para transformar em CO2, e assim eles geram menos impacto no clima e ainda também conseguem gerar créditos de carbono".
De acordo com a Firjan, só em 2023, poderia ser evitada a emissão de cerca de 3 milhões de toneladas de carbono se os materiais fossem reciclados.
Para efeito de comparação, seria preciso plantar 21 milhões de árvores, em um espaço equivalente à 12 mil campos de futebol, para compensar a quantidade de emissões que deixariam de acontecer.
No Brasil, a reciclagem ainda é desestimulada. Renata Rocha aponta algumas políticas para que haja o desenvolvimento destas práticas.
"Um outro ponto seria a busca de estímulos, como, por exemplo, as políticas de pagamento por serviços ambientais. E também a gente pode citar uma revisão das políticas tributárias, porque os materiais reciclados acabam sendo bitributados. Então, se a gente tivesse uma revisão dessas políticas, a gente poderia ter materiais reciclados com um preço mais competitivo".
Além disso, o estudo aponta para a criação de uma rede que auxilie a logística de transporte dos resíduos nos centros urbanos. A ideia é carregar menos em uma distância mais curta, para que a emissão de gases por queima de combustível seja reduzida.
Fonte: Rádio Agência Nacional












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