Manutenção da Selic em 15% preocupa setor produtivo e freia otimismo da economia brasileira
- Fabio Sanches

- 5 de nov.
- 2 min de leitura

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, o que gerou forte reação de representantes da indústria, comércio e setor de serviços.A medida, anunciada nesta quarta-feira (5), foi justificada pela autoridade monetária como necessária para conter a inflação, mas especialistas afirmam que o custo é alto demais para o crescimento econômico e a geração de empregos.
“Com juros nesse patamar, o crédito produtivo praticamente desaparece. Pequenas e médias empresas ficam sem condições de financiar seus estoques ou expandir operações”, disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade.
Impactos diretos
De acordo com o IBGE, o consumo das famílias caiu 0,4% no último trimestre, reflexo direto das altas taxas de financiamento e do endividamento recorde.Empresários do varejo também apontam que as vendas de fim de ano podem ser prejudicadas, já que o crédito pessoal e os parcelamentos continuam caros.
“Manter a Selic nesse nível é um freio de mão puxado em pleno momento de retomada. O Brasil precisa de estímulos, não de paralisia”, afirmou José Roberto Tadros, presidente da CNC (Confederação Nacional do Comércio).
Debate político e fiscal
A decisão do Banco Central reacende o debate sobre autonomia monetária e o impacto da política fiscal do governo. Enquanto o Ministério da Fazenda defende redução gradual da Selic para incentivar investimentos, o BC mantém postura conservadora, alegando risco de descontrole inflacionário.
O ministro Fernando Haddad destacou que o governo continuará trabalhando para equilibrar responsabilidade fiscal com crescimento econômico:
“A estabilidade é importante, mas não podemos confundir estabilidade com imobilismo. O país precisa voltar a investir.”
Perspectivas
Analistas avaliam que, com o cenário de juros altos, o crescimento do PIB deve ficar abaixo de 2% em 2025, e o desemprego pode voltar a subir no primeiro semestre do próximo ano.A expectativa é de que o Banco Central comece a reduzir gradualmente a taxa apenas no segundo trimestre de 2026, caso a inflação permaneça controlada.
Fonte: Banco Central / Agência Brasil / IBGE / CNI / CNC












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