Governo tenta se aproximar das periferias — mas só agora percebeu o que o morro grita há anos
- Fabio Sanches

- 9 de nov.
- 1 min de leitura

O governo federal anunciou um novo programa para fortalecer o diálogo com as periferias. A proposta é levar as demandas das comunidades diretamente ao Palácio do Planalto, numa tentativa de diminuir a distância entre Brasília e as realidades das favelas brasileiras.
Mas a iniciativa surge logo após a megaoperação ocorrida no complexo da Penha e no Morro do Alemão no Rio de Janeiro, que resultou em uma verdadeira guerra urbana deixando 119 mortos. E a pergunta inevitável é: por que só agora ouvir o que o morro sempre gritou?
Durante décadas, moradores de comunidades vêm alertando sobre a ausência do Estado — não apenas da segurança, mas da educação, da saúde e até da conectividade. Em muitas dessas regiões, nem empresas de telefonia entram, e a internet é controlada por facções, que dominam não só o território, mas também a informação. Os moradores são obrigados a adquirirem internet, gás, entre outros, das próprias facções, até a própria segurança é cobrada.
A tentativa de aproximação é válida, necessária e urgente. Porém, o Estado precisa fazer mais do que discursos e programas pontuais. Precisa entrar onde hoje quem manda é o medo, e onde o cidadão se tornou refém do silêncio. Ouvir o morro é o primeiro passo. Agir com presença, respeito, veracidade, ética e disciplina será o verdadeiro teste.












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