Com R$ 8 bilhões investidos na Lei Rouanet em três anos, o Brasil poderia adquirir 72 pontes móveis como a suíça que evita congestionamentos
- Fabio Sanches

- 10 de nov.
- 3 min de leitura

1. Uma ponte que desafia o impossível
A Suíça desenvolveu uma tecnologia que parece saída de um filme futurista: a ASTRA Bridge, uma ponte móvel montada sobre as pistas para que os veículos trafeguem por cima das obras de manutenção. Enquanto isso, abaixo dela, equipes trabalham na recuperação do asfalto sem interromper o fluxo de carros e caminhões.
Segundo o Departamento Federal de Estradas (ASTRA), a estrutura modular tem cerca de 257 metros de comprimento, 7,6 metros de largura e 4,6 metros de altura. Seu peso ultrapassa 1.200 toneladas, e ela é capaz de suportar o tráfego de duas faixas simultâneas a até 60 km/h, reduzindo drasticamente os congestionamentos durante reparos viários.

2. Eficiência e segurança em números
Além da fluidez no tráfego, a ponte traz outro benefício notável: a segurança dos trabalhadores. Enquanto os veículos passam por cima, as equipes trabalham protegidas por baixo da estrutura, isoladas do tráfego — algo que, segundo o governo suíço, reduz drasticamente acidentes e permite obras inclusive durante o dia, diminuindo custos e ruídos noturnos.
A montagem é rápida: cerca de 48 horas para estar operacional, e pode ser deslocada para outro ponto da rodovia em poucos dias. A operação é conduzida por equipes especializadas, com guindastes e caminhões de transporte pesado.
3. Quanto custa essa inovação
O custo estimado de uma ASTRA Bridge é de 20 milhões de francos suíços — aproximadamente R$ 112 milhões. É um investimento expressivo, mas o retorno em eficiência, economia de tempo, redução de acidentes e menor impacto ambiental é considerável.
Com um sistema desses, o Brasil poderia reformar vias urbanas e rodovias federais sem paralisar o trânsito, evitando prejuízos bilionários à economia causados por congestionamentos.
4. O comparativo que chama atenção
Segundo dados oficiais da Agência Brasil, somente em 2024 o governo federal aprovou R$ 3 bilhões em projetos culturais via Lei Rouanet. Nos últimos três anos, o total chega a R$ 8 bilhões. Esse valor seria suficiente para comprar 72 pontes ASTRA, o que permitiria equipar todos os 26 estados e o Distrito Federal com pelo menos duas unidades.
Em termos práticos, significaria:
Obras de recuperação sem interrupção do tráfego;
Menos perdas logísticas em transportes de cargas e insumos;
Redução da emissão de poluentes causados por engarrafamentos;
Maior produtividade nacional, já que o tempo economizado em estradas tem impacto direto no PIB.
5. Uma reflexão sobre prioridades
Não se trata de desmerecer os investimentos culturais, mas de refletir sobre como equilibrar as prioridades nacionais. Se parte desses recursos fosse destinada à infraestrutura inteligente, o país poderia avançar décadas em eficiência rodoviária, segurança e mobilidade urbana.
Como mostra o exemplo suíço, tecnologia e gestão podem caminhar juntas, quando há planejamento e visão de longo prazo. A inovação não é luxo — é uma necessidade para quem quer crescer de forma sustentável e moderna.

6. Conclusão
A ASTRA Bridge representa o futuro das obras públicas — um futuro que poderia estar mais próximo do Brasil se houvesse coragem política e visão técnica. Enquanto a Suíça avança com uma ponte móvel que transforma o caos em fluidez, seguimos presos em quilômetros de obras e desvios.
Talvez a pergunta que reste seja: “quando o Brasil vai começar a construir pontes — literalmente — para o progresso?”












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